quarta-feira, 8 de julho de 2009

PEDINTE ..

Eu não falei isso aqui, mas é que agora me assustou.
Há mais ou menos um mês atrás, estava eu no ponto de ônibus, abraçada com meu caderno, até que veio um garoto com 1/3 do tamanho me oferecendo um papel:
- Não tenho dinheiro, obrigada.
- Mas pega o papel.
- Eu não quero, obrigada. (sim, eu agradeço tudo a todo mundo, acredite)
- Mas pega!!
- EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO, CHEGA!!
- TODO MUNDO FALA ISSO!!! - e sai andando.
Eu já fiquei meio tensa porque esse tipo de coisa me irrita. Porra, vai pra escola, sei lá. Você tem 7 anos, tem alguém que faz bilhetinhos no word pra você pedir dinheiro na rua, então porque essa pessoa não te coloca numa escola? Porque lá, olha, até comida tem.
Não, não gosto de dar dinheiro pra crianças. E eu, de fato, só tinha uma nota de 10 reais na bolsa e eu não ia dar porque eu também não sou Eike Batista e 10 reais é sim muito dinheiro.
Então. Daí que menos de um minuto de depois o garoto passa ao meu lado, bravejando:
- TOMARA QUE UMA COISA MUITO RUIM ACONTEÇA COM VOCÊ!

Pausa.

Gente, como assim? Tinha umas 554 pessoas no ponto, 70% delas recusaram o papel e talvez 90% não deram dinheiro algum. Por que diabos aquela criatura invocou logo comigo? Ou eu tenho cara de rica ou de trouxa.
Mas aí tá, né. Passou. Cheguei em casa p*** da vida xingando o governo e todo seu desapego social, mas passou.
Daí que ontem, estava eu no mesmo lugar, em ponto de ebulição, porque estava um calor somaliano e fazia 15 minutos que eu estava parada no sol e adivinha quem me parece? Ele.
- Tia, lê o papel.
- Não, obrigada.
- Mas segura o papel.
- Que saco, eu não quero!
- VOCÊ NUNCA TEM DINHEIRO, VAI SE F*D*R!!

Gente. COMO ASSIAM, BIAL? Eu fiquei duplamente aterrorizada.
Primeiro, obviamente, por ele ter lembrado da minha pessoa.
Segundo, como assim esse infeliz me xingou?! Cara, eu juro que se eu tivesse com, sei lá, algum grau de álcool no meu corpo, eu não responderia por mim.
Minha sorte é que mamãe me educou muito bem e além disso eu nasci com um espírito calmo e sublime.
Porque olha, sei não. Na minha cidade tinha essas coisas não, viu? Que isso.

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